A renúncia de Joseph Ratzinger ao
trono do apóstolo Pedro nesta segunda-feira (11/02) é histórica. Ele se torna o
primeiro papa a renunciar em quase 600 anos. A partir de 28 de
fevereiro, quando deixará o cargo, Bento XVI se unirá ao pequeno grupo
de papas que abdicaram.
Segundo a tradição cristã e
relatos históricos Clemente I (97), Ponciano (235), Silvério (537), João
XVIII (1009), Bento IX (1045), Celestino V (1294) e Gregório XII (1415)
fazem parte do grupo de bispos de Roma que deixaram o papado, pequeno
se for considerado o total de 265 papas ao longo da história.
"O
Papa nos pegou de surpresa", disse há pouco o porta-voz do Vaticano,
Pe. Federico Lombardi, ao confirmar a saída de Bento XVI. Embora essa
possibilidade fosse especulada em razão da idade avançada e o evidente
cansaço do pontífice, ao mesmo tempo sempre costumava ser vista com
certo ceticismo pelos observadores do Vaticano.
Também nos
últimos anos de pontificado de João Paulo II havia muitos rumores de
que o papa pudesse renunciar, o que não aconteceu. De qualquer forma, há
mais de dois anos, Bento XVI afirmou ao jornalista e escritor alemão
Peter Seewald não hesitaria em renunciar ao cargo se não se sentisse em
condições "físicas, psicológicas e espirituais" para conduzir seu
rebanho adequadamente.
O anúncio de Bento XVI ocorreu
durante um consistório para a canonização de três mártires, tipo de
reunião do Papa com os cardeais que ocorre regularmente. A partir das 20
horas do dia 28 de fevereiro inicia o período chamado de "sede
vacante", durante o qual a Igreja Católica é governada pelo colégio de
cardeais, especialmente na figura do camerlengo, atualmente o cardeal
Tarcísio Bertone, secretário de Estado do Vaticano.
Entretanto,
nenhuma grande decisão pode ser tomada. Neste ano, o conclave (eleição
do novo Papa) deve ser convocado rapidamente, considerando que não há a
necessidade de organização de um funeral para o antigo Papa. Atualmente
são 119 os cardeais eleitores, ou seja, com menos de 80 anos. Todos
podem ser eleitos. Ainda não está claro se Bento XVI continuará vivendo
em Roma e que atividades realizará nos próximos anos.
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