quinta-feira, 19 de março de 2015

FRUSTRAÇÕES



Durante o meu almoço de hoje, em um restaurante aqui próximo ao local onde trabalho, encontrei-me com uma amiga de longa data e após uma rápida conversa com ela tive a ideia de escrever um inventário sobre frustração.
Ela está em crise com uma frustração profissional, das grandes!
Encomendou-me um ensaio a respeito e aqui está a tentativa.
Eu mesmo arrumei metáforas para as minhas frustrações de forma que ficasse mais fácil pensar a respeito.
E são tantas na vida....
Nem sei onde começam.
Na sala de parto talvez?!
Quando viemos ao mundo, cumprindo milhões de expectativas alheias e já aprendendo a tê-las.
Blogs começam em frustrações.
O problema pode morar aí: expectativas.
Junto com elas estão ilusões, fantasias, inocência, uma vontade tamanho família de crer - no outro, em coisas, em lugares e na vida.
Tipo pizza 12 pedaços... gigante!
O que acontece é que às vezes vêm 12 pedaços cortados tão injustamente pequenos que, apesar de serem 12, não são suficiente para todas as pessoas.
Aí algumas se frustram.
Sem contar que, quando fazemos o pedido, imaginamos um palmito delicioso, com um molho fantástico, coberta com uma mussarela fininha, etc.
E pode ser que venha, que seja suficiente para todos, mas seja um palmito meio duro, um molho pomarola e uma mussarela engorduradíssima.
Sem gosto, sem graça, cara e que, portanto, não preenche nossas expectativas e desejos mais genuínos.
Sim, o problema da frustração me parece mesmo começar com expectativas.
Em relacionamentos afetivos é comum ouvirmos logo no início "não crie expectativas e tudo vai bem".
Como?
Porque eu faria algo, qualquer coisa, sem esperar nada dela?
Qual a razão do esforço, do investimento, do tempo, beijos ou estudo dedicados?
O problema sabemos.
E a solução?
Sou ninguém para sugerir e menos ainda definir algo a respeito.
Mas fico aqui imaginando que uma ideia razoavelmente boa seria ter um equilíbrio.
Esperar na medida certa.
Não é fácil, eu sei.
Costumamos esperar na medida em que oferecemos.
Se oferecemos muito, esperamos demais.
Troca que parece mais que justa.
Quando oferecemos pouco e ganhamos pouco, ficamos felizes, nos sentimos satisfeitos e justiçados.
Aí, tenho que observar que é importante saber dar pouco.
Eu particularmente não sei...
Ou então oferecer um pouco, receber, depois oferecer mais um pouco, ir observando e avaliando, revendo as doses de tudo na situação.
Frustração dói.
Quase não consigo separar a palavra frustração de traição.
Seu amor te traiu, você se frustra porque esperava mais dele e da relação.
O chefe te traiu, você se frustra porque afinal se doou tanto, que erroneamente deixou outras coisas da sua vida de lado.
A vida te trai e você fica tentando pensar porque mereceu o câncer da sua mãe, a morte do pai, ou a falência da família.
Acho que está mais do que claro que a coisa toda não é uma questão de merecimento.
Até porque não somos juízes para julgar quem merece e quem não.
E também não temos juízes com muito juízo, não é?
Além do mais, percebo outra expectativa aí: juízes deveriam ser pessoas justas, mas antes de juízes são pessoas.
Pessoas - todas - têm expectativas, desejos, erros e vontade enorme de acertar, falhas, uma coleção de pedidos de desculpa a serem feitos e, na maior parte das vezes, não sabem o que fazer.
A parcialidade incomoda, por isso é fácil receber conselhos de quem está de fora.
Só que queremos receber coisas de quem está dentro da situação, porque esperamos.
Por que criamos um cenário e nossa mente projeta o futuro de tal forma que muitas vezes esquecemos de viver intensamente - e apenas - o dia de hoje.
Quando ganharmos R$ 3 mil por mês, quando terminarmos de pagar o carro, quando o seu filho puder ir à escola, quando a mulher voltar a trabalhar, quando ela finalmente reconhecer tudo que faço, quando eu entrar na academia, quando eu for contratado para aquele sonhado emprego.
Está sempre lá.
Por isso sofremos, porque o lá nunca chega.
E também porque fazemos para ter resultado e não o contrário: temos resultados porque fazemos.
Não se pode deixar de lado outro detalhe.
É certo que algumas pessoas proporcionam que tenhamos expectativas e esperanças a respeito de algo que já sabem que provavelmente não poderão cumprir.
Ok, isto é fato.
A presidente da República talvez aja assim, os namorados talvez ajam assim, os chefes agem assim.
Está em cada um de nós querer realizar o outro em suas expectativas e está no outro a vontade de confiar.
Porém, para que alguém nos faça acreditar em coisas que não vão acontecer, precisamos permitir.
Deixamo-nos seduzir ao invés de pensar!
Ponderação, razão x emoção e a capacidade, unida ao talento de poucos, em enxergar as coisas como elas são.
Cést la vie.
Acabei me lembrando dos Rolling Stones: I can´t get no satisfaction...  
And I try, and I try, and I try...

É PRECISO VIVER



Sempre senti a necessidade de viver o momento presente.
O passado já passou.
Dele tiro as lições e sigo em frente.
O futuro a Deus pertence e não adianta ficar me preocupando com ele.
Faço planos, mas deixo uma boa margem para o improviso, pois a vida nem sempre acontece da maneira como planejamos.
Talvez por isso eu viva tão intensamente o hoje, o agora, cada instante.
E a respeito disso, essa semana, no livro “Só o amor é real”, de Brian Weiss, li isto:
“O vietnamita Thich Nhat Hanh, monge budista e filósofo, nos ensina a saborear uma boa xícara de chá. Temos de estar completamente conscientes para sentir prazer com o chá.
Somente na consciência do momento presente as nossas mãos podem sentir o agradável calor da xícara.
Somente no presente podemos sentir o aroma e a doçura, apreciar o requinte do sabor.
Se estivermos ruminando acerca do passado, a experiência de saborear a xícara de chá nos fugirá completamente.
Quando olharmos a xícara, o chá já acabou.
A vida é assim.
Se não estivermos inteiramente no momento presente, olharemos em nossa volta e ele terá passado.
Teremos deixado de sentir o contato, o aroma, o requinte e a beleza da vida.
Esta parecerá estar nos deixando para trás.
O passado terminou.
Devemos aprender com ele e deixá-lo ir.
O futuro ainda não chegou.
Devemos fazer planos, mas não perder tempo em nos preocupando com ele.
De nada vale nos preocupar.
Quando pararmos de ruminar a respeito do que já aconteceu, quando pararmos de nos preocupar com o que talvez nunca aconteça, então estaremos vivendo o presente e começaremos a sentir a alegria de viver”.
Pensamentos assim acabam por moldar, e muito, minha filosofia de vida:
Viva o momento presente!

NUNCA É TARDE



Meu amigo João Carlos Queiroz sempre repete esta frase: “Dentro de nós mora um lenhador que todo dia quer cortar árvores”.
O desafio é ter consciência disso e parar esse lenhador.
Não para que ele afie o machado e, sim, para perguntar se: mesmo tendo cortado árvores durante a vida inteira, é isso mesmo que ele quer fazer.
Perguntar qual contribuição ele quer deixar para o mundo, o que de fato o realiza.
É incrível, porque talvez ele descubra que, no fundo, tudo o que ele quis foi plantar árvores, e não derrubá-las, mas foi levado pelas circunstâncias.
O triste da vida não é descobrir o tempo que perdemos fazendo algo que não queríamos.
O triste da vida é morrer sem nunca descobrir isso e assim ter perdido a oportunidade de fazer diferente, desperdiçando toda uma vida.
Escuto todo tipo de desculpas das pessoas para fugir desse desafio.
Uma das mais comuns é: “Ah, eu estou velho, não dá para recomeçar nada a esta altura do campeonato!”.
 Então eu digo: a expectativa de vida vem aumentando ano a ano.
Três décadas atrás não passava de 50 anos, hoje é superior aos 70, e com o avanço da medicina só vai aumentar.
Ou seja, tenho uma boa e uma má notícia a lhe dar.
A boa é que você tem mais ou menos uns trinta anos de bônus de vida pela frente, praticamente mais uma vida.
A má notícia é que você tem mais ou menos uns trinta anos de bônus de vida pela frente, praticamente mais uma vida.
Então esqueça essa desculpa de que você não tem tempo para mudar o rumo das coisas.
Aproveite essa oportunidade para pensar, planejar e viver tudo o que você não viveu.
Ouse!
Por mais difícil que possa parecer…
Lembre-se que sempre é tempo de mudar de rumo, de recomeçar, de fazer o que se deseja.
Arrisque-se!
Porque só quem corre riscos é verdadeiramente livre.

FAÇA A ESCOLHA CERTA



Escolher é difícil.
Pergunte aos psicólogos e eles vão explicar por que gente obrigada a optar entre uma coisa e outra – qualquer que sejam essas coisas – sente ansiedade.
Isso acontece em lojas de sapato, em restaurantes, na porta do cinema e até no sexo.
Uma amiga me contou outro dia como foi estar numa festa e ter dois homens sedutores dando em cima dela.
“Tive de escolher um deles, mas com um aperto no coração”, ela me disse.
No dia seguinte, o bonitão que ela escolheu caiu no vácuo e nunca mais deu notícias.
Escolher, ela aprendeu, é abrir mão de alguma outra coisa – e as consequências podem ser irreversíveis.
Infelizmente para nós, nem todas as escolhas são tão simples quanto a do sexo na balada.
Penso na escolha mais delicada que a gente faz na vida, aquela que envolve os parceiros de longo prazo.
Em que momento concluímos que uma pessoa deixou de ser apenas item de prazer ou fonte de encantamento e se tornou a criatura com quem vamos dividir a vida?
Pode ser casando, comprando apartamento e tendo filhos, ou, de forma menos ritualizada, pondo os sentimentos e necessidades dela no centro da nossa vida, mesmo vivendo em casas separadas.
O compromisso é parecido, assim como os caminhos que levam a ele.
A primeira coisa que conta nas grandes escolhas – eu acho – é a permanência.
Ninguém tem direito a reivindicar um posto dessa importância sem ter ralado um tanto.
Não adianta a sua parceira decidir, em 30 dias, que vai ser sua mulher para o resto da sua vida.
Não funciona assim.
O teste do tempo é fundamental.
Se aquela mulher ou aquele sujeito continua lá depois de todas as discussões e inevitáveis desencontros, se ela ou ele resolveu ficar depois de todas as chances de ir embora, se os seus sentimentos em relação a ele ou ela continuam vivos, um bom motivo há de haver.
É essencial, também, que a experiência de convívio seja boa.
Amores tumultuados dão bons filmes e péssimas vidas.
É essencial acordar no sábado e ter vontade de ficar mais tempo na cama, enrolado naquele ser ao seu lado.
Se a conversa antes de dormir deixou de ser gostosa ou se qualquer programa parece mais interessante do que a companhia dela ou dele, pra quê insistir?
O prazer que o outro proporciona é essencial.
Prazer de transar, prazer de olhar, prazer de ouvir, prazer de simplesmente estar.
Se você caminha pela rua com ela e os dois são capazes de rir um com o outro, algo vai bem.
A felicidade não tem receita, mas a gente percebe quando está funcionando.
Para que as coisas funcionem no longo prazo é essencial haver lealdade.
Eu cuido, eu protejo, eu respeito – e você faz o mesmo comigo.
Se você não sente que seus sentimentos e a sua vida são importantes para ele ou para ela, desista.
Como o ambiente lá fora é hostil, é essencial saber que no interior da relação existe cumplicidade e abrigo, com um grau elevado de honestidade: você diz o que pensa e isso vai ajudar, ainda que doa.
É impossível prometer que coisas ruins jamais irão acontecer, é falso garantir que os sentimentos permanecerão os mesmos para sempre, mas é essencial olhar nos olhos do outro e sentir a disposição de tentar, verdadeiramente, que seja assim.
Aqui, agora, de todo o coração, tem de ser para sempre – ou então a gente nem começa.
Se tudo isso existir – e não é fácil – ainda fará falta um quarto elemento, essencial ao equilíbrio duradouro das relações: os planos.
Se ele que ter cinco filhos e você não quer ser mãe, não vai rolar.
Se ela quer levar uma vida de viagens e aventura e o seu sonho é ficar aqui mesmo, perto das famílias e dos amigos, não deu.
Viver bem pressupõe afinidades essenciais de gosto, sentimento e expectativas, sem falar de ideologia.
Todas essas coisas se refletem nos planos.
Eu penso no amor como um voo de longa distância.
O avião precisa estar carregado com o tempo da relação, com o prazer que ela proporciona e com a lealdade em que ela está baseada – mas as pessoas ainda têm de concordar sobre o destino.
Se eu quero ir à Tóquio e você à Nova York, precisamos embarcar em voos diferentes.

DIETA DE FELICIDADE



A grande felicidade é a soma das pequenas felicidades.
Li essa frase ano passado em um outdoor aqui em Montes Claros e soube, naquele momento, que meu conceito de felicidade tinha acabado de mudar.
Eu já suspeitava que a felicidade com letras maiúsculas não existia, mas dava a ela o benefício da dúvida.
Afinal, desde que nos entendemos por gente aprendemos a sonhar com essa felicidade no superlativo.
Mas ali, vendo aquele outdoor estrategicamente colocado no meio do meu caminho (que de certa forma coincidia com o meio da minha trajetória de vida), tive certeza de que a felicidade, ao contrário do que nos ensinaram os contos de fadas e os filmes de Hollywood, não é um estado mágico e duradouro.
Na vida real, o que existe é uma felicidade homeopática, distribuída em conta-gotas.
Um pôr-do-sol aqui, um beijo ali, uma xícara de café recém-coado, um livro que a gente não consegue fechar, uma mulher que nos faz sonhar, um amigo que nos faz rir…
São situações e momentos que vamos empilhando com o cuidado e a delicadeza que merecem alegrias de pequeno e médio porte e até grandes (ainda que fugazes) alegrias.
‘Eu contabilizo tudo de bom que me aparece’, me relata com frequência a Fabiana Gomes, minha amiga de infância, também adepta da felicidade homeopática. ‘Se o zíper daquele vestido que eu adoro volta a fechar (ufa!) ou se pego um congestionamento muito menor do que eu esperava, tenho consciência de que são momentos de felicidade e vivo cada segundo’.
Já a jornalista e minha colega de profissão Márcia Eleutério contou-me em rápida conversa durante recente evento social aqui na cidade que cresceu esperando a felicidade com letras maiúsculas e na primeira pessoa do plural: ‘Eu me imaginava sempre com um homem lindo do lado, dizendo que me amava e me levando pra lugares mágicos’. Agora, viajando com freqüência por causa de seu trabalho, ela descobriu que dá pra ser feliz no singular: ‘Quando estou na estrada dirigindo e ouvindo as músicas que eu amo, é um momento de pura felicidade. Olho a paisagem, canto e sinto um bem-estar indescritível’.
A empresária Goretti Aparecida, que conheci recentemente, me contou que há alguns dias estava falando e rindo sozinha quando o marido chegou em casa. Assustado, ele perguntou com quem ela estava conversando: ‘Comigo mesma’, respondeu. ‘Adoro conversar com pessoas inteligentes’. Criada para viver grandes momentos, grandes amores e aquela felicidade dos filmes, a empresária trocou os roteiros fantasiosos por prazeres mais simples e aprendeu duas lições básicas: que podemos viver momentos ótimos mesmo não estando acompanhadas e que não tem sentido esperar até que um fato mágico nos faça felizes.
Esperar para ser feliz, aliás, é um esporte que abandonei há tempos.
E faz parte da minha ‘dieta de felicidade’ o uso moderadíssimo da palavra ‘quando’.
Aquela história de ‘quando eu ganhar na Mega Sena’, ‘quando eu me casar’, ‘quando tiver filhos’, ‘quando meus filhos crescerem’, ‘quando eu tiver um emprego fabuloso’ ou ‘quando encontrar uma mulher que me mereça’.
Tudo isso serve apenas para nos distrair e nos fazer esquecer da felicidade de hoje.
Como tantos já disseram tantas vezes, aproveitem o momento.
E quem for ruim de contas recorra à calculadora para ir somando as pequenas felicidades.
Podem até dizer que nos falta ambição, que essa soma de pequenas alegrias é uma operação matemática muito modesta para os nossos tempos.
Que digam!
Melhor ser minimamente feliz várias vezes por dia do que viver eternamente em compasso de espera.