sábado, 23 de fevereiro de 2013

"FOME DE ÁGUA" EM EXPOSIÇÃO NO MONTES CLAROS SHOPPING CENTER


Foto faz parte da exposição (Foto: Geraldo Humberto)
Foi lançada em Montes Claros, na noite de ontem (22/02), a exposição “Fome de Água no Sertão”, que faz parte do “Movimento Vidas Áridas”, e que retrata por meio de 40 fotos a pior seca dos últimos 40 anos na região norte-mineira. A iniciativa é de autoria dos jornalistas Délio Pinheiro e Geraldo Humberto, da Inter TV Grande Minas, com o apoio da emissora.
“O projeto passa a ser uma bandeira permanente da Inter TV e representa a pretensão por mudanças. Não é uma crítica, queremos mostrar o que está feito e o que está por fazer”, afirmo o diretor da emissora, Fábio Braidatto, durante a abertura do evento.
“Chegar mais perto das pessoas, esperar o momento de fazer a fotografia com o sofrimento do homem e dos animais, o registro do momento é muito forte, para o coração, para a alma”, conta Geraldo Humberto. Na abertura foi exibido um documentário e houve a apresentação teatral do Grupo Fibras. Além da população, autoridades também estiveram presentes.
O secretário de Estado de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e Norte de Minas, Gil Pereira (PP), definiu o “Vidas Áridas” como uma “oportunidade para mostrar potencialidades e carências da região. Já José Silva (PDT), secretário de Estado de Trabalho e Emprego, afirmou que “a certeza de termos que conviver com a seca, precisa nos levar a procurar meios para que isto ocorra da melhor forma possível”.
Durante 14 dias, as fotografias podem ser visitadas no Montes Claros Shopping Center. Após este período, a exposição vai se tornar itinerante, começando pela cidade de Pai Pedro. A “Caravana Vidas Áridas” vai contar com rua de lazer, serviços de saúde, palestras e um corpo técnico formado por especialistas da Universidade Federal de Minas Gerais.
“O movimento permite conscientizar a população e o governo nas três esfera para a realidade, permitindo assim, a elaborações de ações que possam minimizar a seca”, afirma Wagner Danilo Mendes Teixeira.
“Queremos chegar em mais municípios para mostrarmos que o Norte de Minas não está inerte à seca. O movimento é apartidário e é o momento de sacudirmos a classe política para que façam algo pela região”, destaca Délio Pinheiro.
Uma das cidades retratadas pelos jornalistas é Espinosa. No local há as chamadas “viúvas da seca”, mulheres que durante este período ficam sem os maridos, que vão procurar trabalho nas lavouras de outros estados.
O Presidente da Associação Comercial e de Serviços da cidade de Espinosa, Florito Nogueira, diz que se a estiagem não fosse tão severa, o município, que sofre com o êxodo rural e tem 32 mil habitantes, poderia ter hoje 80 mil habitante.
“É um desestímulo jogar uma semente na terra e não vê-la brotar e isto vai tirando ânimo das pessoas em morar na cidade. Temos duas barragens, o nível atual é de 30%, mas chegou a 10%, em 2012.”
Ao contrário dos jovens que vislumbram oportunidades nas cidades, Fernanda Ferreira é estudante de pedagogia, com ênfase no campo. Ela, que é filha de agricultores de Rio Pardo de MInas, trabalha em uma Escola Família Agrícola e não pretende sair da zona rural. Segundo o que contam os pais dela, esta foi uma das piores secas dos últimos anos.
“É necessário criar estratégias de convivência com a seca, que é um fenômeno natural. Os governantes precisam se unir à população, pois as políticas que são criadas de baixo para cima não chegam na base dos problemas, como precisamos”, explica Fernanda.

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