quinta-feira, 19 de março de 2015

FAÇA A ESCOLHA CERTA



Escolher é difícil.
Pergunte aos psicólogos e eles vão explicar por que gente obrigada a optar entre uma coisa e outra – qualquer que sejam essas coisas – sente ansiedade.
Isso acontece em lojas de sapato, em restaurantes, na porta do cinema e até no sexo.
Uma amiga me contou outro dia como foi estar numa festa e ter dois homens sedutores dando em cima dela.
“Tive de escolher um deles, mas com um aperto no coração”, ela me disse.
No dia seguinte, o bonitão que ela escolheu caiu no vácuo e nunca mais deu notícias.
Escolher, ela aprendeu, é abrir mão de alguma outra coisa – e as consequências podem ser irreversíveis.
Infelizmente para nós, nem todas as escolhas são tão simples quanto a do sexo na balada.
Penso na escolha mais delicada que a gente faz na vida, aquela que envolve os parceiros de longo prazo.
Em que momento concluímos que uma pessoa deixou de ser apenas item de prazer ou fonte de encantamento e se tornou a criatura com quem vamos dividir a vida?
Pode ser casando, comprando apartamento e tendo filhos, ou, de forma menos ritualizada, pondo os sentimentos e necessidades dela no centro da nossa vida, mesmo vivendo em casas separadas.
O compromisso é parecido, assim como os caminhos que levam a ele.
A primeira coisa que conta nas grandes escolhas – eu acho – é a permanência.
Ninguém tem direito a reivindicar um posto dessa importância sem ter ralado um tanto.
Não adianta a sua parceira decidir, em 30 dias, que vai ser sua mulher para o resto da sua vida.
Não funciona assim.
O teste do tempo é fundamental.
Se aquela mulher ou aquele sujeito continua lá depois de todas as discussões e inevitáveis desencontros, se ela ou ele resolveu ficar depois de todas as chances de ir embora, se os seus sentimentos em relação a ele ou ela continuam vivos, um bom motivo há de haver.
É essencial, também, que a experiência de convívio seja boa.
Amores tumultuados dão bons filmes e péssimas vidas.
É essencial acordar no sábado e ter vontade de ficar mais tempo na cama, enrolado naquele ser ao seu lado.
Se a conversa antes de dormir deixou de ser gostosa ou se qualquer programa parece mais interessante do que a companhia dela ou dele, pra quê insistir?
O prazer que o outro proporciona é essencial.
Prazer de transar, prazer de olhar, prazer de ouvir, prazer de simplesmente estar.
Se você caminha pela rua com ela e os dois são capazes de rir um com o outro, algo vai bem.
A felicidade não tem receita, mas a gente percebe quando está funcionando.
Para que as coisas funcionem no longo prazo é essencial haver lealdade.
Eu cuido, eu protejo, eu respeito – e você faz o mesmo comigo.
Se você não sente que seus sentimentos e a sua vida são importantes para ele ou para ela, desista.
Como o ambiente lá fora é hostil, é essencial saber que no interior da relação existe cumplicidade e abrigo, com um grau elevado de honestidade: você diz o que pensa e isso vai ajudar, ainda que doa.
É impossível prometer que coisas ruins jamais irão acontecer, é falso garantir que os sentimentos permanecerão os mesmos para sempre, mas é essencial olhar nos olhos do outro e sentir a disposição de tentar, verdadeiramente, que seja assim.
Aqui, agora, de todo o coração, tem de ser para sempre – ou então a gente nem começa.
Se tudo isso existir – e não é fácil – ainda fará falta um quarto elemento, essencial ao equilíbrio duradouro das relações: os planos.
Se ele que ter cinco filhos e você não quer ser mãe, não vai rolar.
Se ela quer levar uma vida de viagens e aventura e o seu sonho é ficar aqui mesmo, perto das famílias e dos amigos, não deu.
Viver bem pressupõe afinidades essenciais de gosto, sentimento e expectativas, sem falar de ideologia.
Todas essas coisas se refletem nos planos.
Eu penso no amor como um voo de longa distância.
O avião precisa estar carregado com o tempo da relação, com o prazer que ela proporciona e com a lealdade em que ela está baseada – mas as pessoas ainda têm de concordar sobre o destino.
Se eu quero ir à Tóquio e você à Nova York, precisamos embarcar em voos diferentes.

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