LIBERDADE
Antes mesmo de começar a escrever a coluna de hoje (05/12), quero
deixar claro que esse espaço eletrônico tem como visão ser referência em
diversos assuntos de nossa comunidade e uma via de liberdade possível entre
comunicação, sociedade e instituições.
ILHA DA FANTASIA
Para quem não sabe, o clima quente e seco sempre foi uma das
características marcantes de Montes Claros. Nada que torne a cidade menos
atraente. A capital do Norte de Minas, como muitos se orgulham em chamá-la, tem
seus encantos, mesmo que pareça algo sem vida, na comparação com outras cidades
brasileiras do mesmo porte. O fato é que, para quem não está acostumado, chega
a ser insuportável o primeiro contato com Montes Claros a partir dessa condição
climática. Na política, esse quadro não é diferente. A tensão tem sido nos
últimos tempos marca constante que vem contaminando até mesmo quem não esteja
tão próximo das decisões.
Conviver, portanto, com as fofocas políticas e o clima quente
e seco deve ser o principal desafio para quem deseja entender essa quase
metrópole norte-mineira que se tornou sedutora a partir de seus mistérios e
oportunidades. Montes Claros é única por isso. Por ser ao mesmo tempo uma
cidade na qual as coisas parecem acontecer mais facilmente, mas que, em vista
disso, se exige um jogo de cintura que talvez em outros locais não seja
preciso. Será que residiria aí a grande quantidade de escândalos que estão
pipocando, de tempos em tempos, envolvendo pessoas que até há pouco pareciam
tão imunes a essas artimanhas?
Os ares que agora parecem mais carregados, portanto, podem
até surpreender a quem está de fora, mas não são nada mais do que o dia-a-dia
de risco que parece encantar e atrair as pessoas para o perigo. O clima
carregado de agora na política, como a cada período do ano na cidade, vai
passar como já passaram outros.
COMPRA DE VOTO
A compra de voto é o mais comum, grave e difícil de ser
flagrado dos crimes políticos. A corrupção da vontade do eleitor distorce o
exercício da democracia. Embora disseminada, é difícil de ser provada, porque
depende de flagrante.
É sempre motivo para júbilo quando são reunidos elementos com
os quais o Poder Judiciário julga capazes de provar que houve compra de voto.
Exatamente pela dificuldade que é flagrar e provar atos do gênero e, também,
pelo exemplo pedagógico que decorre da condenação. A prática é tristemente
disseminada, mas o fato de começar a haver punições é o que pode inibir novas
práticas do gênero.
Muitos processos em tramitação na Justiça Eleitoral,
principalmente nesse rincão norte-mineiro, expõem aspectos repugnantes da
política: políticos que se favorecem justamente das lacunas deixadas pelo poder
público. Esse tipo de postura só prospera pela precariedade da presença estatal
nas áreas de saúde, assistência social e educação, entre outras. São inúmeros
os políticos recorrentemente eleitos e reeleitos – dentro ou fora da lei – por
viabilizar atendimento que é direito da população e deveria ser prestado pelo
poder público.
Triste proveito da omissão governamental.
LIMPANDO AS GAVETAS
Nesta penúltima semana de trabalhos na Câmara Municipal de
Montes Claros os dias prometem ficar acirrados entre situação e oposição.
Muitas pautas polêmicas devem ser enviadas pela Prefeitura já no apagar das
luzes. Projetos enviados às pressas sem tempo de uma análise mais profunda por
parte dos parlamentares que votam sem saber o que é, aprovando só por ser de
interesse governamental. A maioria esmaga a minoria.
NO APAGAR DAS LUZES
Com as dificuldades de caixa já tornadas públicas pelo
próprio prefeito Luiz Tadeu Leite (PMDB), corre a especulação nos bastidores da
Câmara Municipal que a Prefeitura pedirá autorização daquela Casa para recorrer
a um outro caixa para garantir o pagamento do 13º salário do funcionalismo. A
oposição afirma estar de olho esperando a matéria.
PRÉ-2014
Ainda juntando os pauzinhos da eleição de outubro passado,
quando foi derrotado no segundo turno para o comando da Prefeitura de Montes
Claros, o deputado estadual Paulo Guedes (PT) debate com os prefeitos eleitos e
reeleitos da região norte-mineira as emendas parlamentares para 2013 e, de
quebra, um pé-de-ouvido sobre 2014. Possível candidato a deputado federal, quer
ser o mais votado na região, já que seu partido conseguiu emplacar número
expressivo de prefeitos.
TESTE PARA OS NOVOS PREFEITOS
Diante do cenário desafiador para os novos prefeitos em 2013 e
da onda da mudança na eleição, especialmente no Norte de Minas, há grande
expectativa quanto aos novos secretários municipais. É o momento de se saber se
a renovação política e administrativa apregoadas na campanha ocorrerão na
prática.
Boas equipes não representam necessariamente bons governos,
mas são um bom começo. Por isso, no geral, os nomes a serem divulgados devem
indicar que os prefeitos irão buscar quadros de alta capacidade técnica, com
atuação reconhecida no mercado e experiência na gestão pública.
Por tudo isso, os prefeitos precisam mostrar a renovação na
prática, formando equipes à altura dos desafios que os esperam e sem cair no
loteamento partidário da gestão. Ao mesmo tempo, também é preciso contemplar a
futura base política. A formação da equipe é o primeiro teste dos novos
gestores antes do mandato.
O PRÓXIMO REI
CÉSAR EMÍLIO, PREFEITO ELEITO DE CAPITÃO ENÉAS |
Muitos amigos e milhares de conhecidos não se transformam em
voto. Vários candidatos com essa referência creditam-se eleitos e depois têm na
apuração 100, 200 ou 300 votos. Mesmo assim são votos importantes, pois a
vitória se dá pelo coeficiente eleitoral.
Em Capitão Enéas, por exemplo, apesar de bem avaliado pela
população, o prefeito Reinaldo Landulfo Teixeira (PTB) não fez o seu sucessor. E
um entendimento é óbvio: não o fez porque não encontrou a reverberação necessária
que o entusiasmasse. Sim! Entusiasmo. Alguns podem gerir: como alguém não quer
ficar no poder? Às vezes, o poder é mais que o querer. E para poder é preciso
ter entusiasmo.
Lá em minha querida Burarama, o projeto de dar continuidade a
tudo de bom que aconteceu naquele município nos últimos oito anos não se viu. Nada
ficou muito claro neste aspecto para o eleitor. E isso só reforça a tese de que
o ainda atual prefeito elegeria quem quisesse, pois todas as argumentações
foram construídas sobre o seu trabalho. Que competente e transparente serviu de
elo aos discursos de campanha: para o que é bom se ampliará; e correção de
curso para o que precisa atender melhor a população. E assim fica fácil fazer
plano de governo.
Os situacionistas impuseram ao seu candidato uma tarefa
inglória: obedecer a uma cartilha em que o contato com o povo e seus
correligionários não era importante. Onde ouvir não era importante. Isso porque
tinham todas as repostas e muita opinião contaminaria o resultado final. Mesmo
assim, na raça, o candidato majoritário Werlyson Lopes (PTB) se fez presente,
fez o dever de casa, mas não levou.
Derrotado em três eleições passadas, o agora prefeito eleito
César Emílio (PT) soube capitalizar sua aproximação com os olhos e os ouvidos
do povo. Desde a sua última derrota eleitoral, em 2008, o petista desenhou seu
quadrado já colocando em pauta sua maior intenção: sair vitorioso como candidato
a prefeito de Capitão Enéas em 2012. E fazer o melhor com o cenário já montado
é muito fácil.
Marketing político e escalação de time de futebol todo mundo
sabe fazer. É bom salientar que o agora prefeito eleito da minha Burarama já
vinha com um trabalho junto ao povo, ativo, percorrendo os quatro cantos do
município entre janeiro de 2009 até julho de 2012, quando teve início a campanha
eleitoral.
Do lado de cá, a comodidade de se já estar na cadeira
pretendida e a ausência total de presença no “chão de fábrica” fizeram com que
os arautos populares mantivessem o desconhecimento de quem seria o próximo rei.
E mais uma vez nada foi feito para desconstruir tal questão cerebral. E a falta
de uma egrégora que permitisse ver isso fez do silêncio o silêncio. Não existem
culpados. Só existem os vitoriosos. E política se faz com votos. E votos é
conhecer e entender o povo e seus anseios.
FRASE DO DIA
"Na política, a luta por espaço nem sempre leva em conta
os anseios maiores da sociedade. Muitas vezes a obsessão pelo poder é regida
por interesses obscuros que, de tão inconfessáveis, não raro viram mantra para
facilitar a conquista das mentes".
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