quinta-feira, 13 de outubro de 2011

ESCOLA DA VIDA


Estou meio decepcionado com os colegas de jornalismo que acham “fundamental” o profissional da área ter diploma. Respeito os amigos da área que concordam com isso, mas eu sou contra. Faculdade é lugar pra cara que quer ser médico, engenheiro, advogado, essas coisas. Ninguém aprende a escrever em universidade. Ninguém aprende a ser curioso e pesquisador em uma sala de aula. Sejamos sinceros: não aprendemos quase nada em curso de jornalismo.
Eu amo a minha profissão, de verdade! Nada me interessa mais que ela. E digo pra vocês: pra segui-la é necessário casar com ela. Jornalismo se aprende na redação e na rua, no contato com as pessoas. Esse negócio de universidade é pra acadêmico frustrado e medíocre. Desculpe se ofendi alguém, mas essa é a minha opinião.
Vou mais longe. Sinceramente, na área de comunicação não importa a pessoa ter feito faculdade. É tudo a mesma coisa. Importa é a pessoa ter um bom texto. Importa a pessoa amar a profissão de verdade e a ter como grande prioridade da vida.
Quero saber qual foi a faculdade que fizeram os caras que mais me influenciaram. Quero saber qual instituição de comunicação o Felipe Gabrich, Sidney Cruz, George Nande, Elton Jackson, Jorge Silveira, Valdir Sena Batista, Osvaldo Antunes, Hélio Machado, Luiz Carlos Novaes, Edgar Pereira, Manoel Higyno, Carlos Lindemberg e tantos outros cursaram? Eles se formaram na universidade da vida. Gabrich me disse certa vez: “A vida não faz graça e não dá talento grátis a ninguém. Quase sempre, cobra alto”. Ele estava certo.
De coração: a lista telefônica me ajudou bem mais pra escrever do que muitos que cursaram uma faculdade de jornalismo. Pelo menos com ela, consegui saber o telefone de muitas das pessoas que corro atrás. Pra ser repórter (repórter mesmo, não papagaio de pirata), vá pra rua. Vá pra periferia, pra estádio de futebol, cinema, livrarias, lugares estranhos e bizarros. Freqüente sebos. Faça pesquisas sobre as coisas que você gosta de verdade e tente entrevistar pessoas diferentes.
Não importa o veículo. Invente um ou guarde as entrevistas pra você mesmo. Tenha curiosidade. O fundamental é escrever. Não importa se é pra jornal de circulação nacional, jornal de bairro, blog, qualquer coisa.
O corpo docente das nossas universidades é na maioria das vezes composto por pessoas sem experiência no campo. Gente que fez sim mestrado e doutorado. Mas onde eles trabalharam? O que eles escreveram?
Por isso, deixo aqui meu pensamento sobre este tema. Sei que não sou nenhum grande nome, mas tenho minha opinião e gostaria que ela fosse discutida com mais pessoas. Jornalista não precisa (mesmo) de diploma. Ser repórter é ter dor nas costas e continuar escrevendo. É deixar final de semana, de ir pra cinema, de sair com amigos, pra fazer matérias e pautas por pura paixão. É se expor publicamente de todas as maneiras por uma profissão que não dá dinheiro e não garante absolutamente nada.

3 comentários:

  1. De todas as matérias escritas por voce e que são muitas e quase todas lidas por min a mais interessante delas é justmente essa que me cabe dentro dela, realmente esta questão de diploma para jornalista é muito polemica pois qual universidade conseguirá formar um jornalsita que não tem tendencia para a escrita de texto, não sou jornalista formado mas sei escrever e adoro e admiro tudo o que eu escrevo e já elogiei muita coisa feita por min, parabéns vc escreveu extamente o que eu gostaria de ter escrito.

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  2. Luciano Neres Rodrigues14 de outubro de 2011 às 17:05

    Prezado Amigo, li com atenção suas colocações a respeito da importância ou não do diploma universitário. Discordo do ponto o qual menciona "Esse negócio de universidade é pra académico frustrado e medíocre. ". Estou em busca do segundo diploma universitário. Acredito que independente do curso, seja Jornalismo, Medicina, Engenharia ou Direito, Design, Economia Doméstica..., em todos os cursos é possível sim um crescimento profissional e até mesmo pessoal. Acredito também que certos dons já são vinculados a certas pessoas. Umas, facilidade ao escrever, outras, paciência no ouvir, no cuidar. Cada pessoa desempenha uma função na sociedade, porem estes dons podem ser lapidados através de uma vivência no ensino superior. Voltando ao Jornalismo, respeito todos os profissionais que se destacam e se destacaram independentemente de frequência em curso superior. Todavia, não acredito ser o diploma algo impeditivo ao exercício do jornalismo. No mínimo a faculdade acrescentaria ao jornalista noções de ortografia, gramática, concordância. Noções de cidadania e legislação, tornando o mais imparcial e útil à sociedade.

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  3. É a primeira vez eque visito seu blog, e muito me admira você se expressar assim tão explicitamente sobre essa questão da não obrigatoriedade do diploma de jornalismo.
    Já que você defende sua opinião como "jornalista", democraticamente eu também tenho o direito de opinar como ACADÊMICO DE JORNALISMO.
    Você tem razão sim, eu não tenho experiência na área, afinal tenho muito o que aprender, no entanto, muito cuidado ao dizer e generalizar que " Esse negócio de universidade é pra acadêmico frustrado e medíocre", e te afirmo com toda certeza que não é, aliás, nessa sua afirmação você inclui também algum parente seu ou amigo? pense bem antes de afirma certas coisas.
    Você se diz jornalista, isso é respeitável, afinal são "muitos anos de profissão" como você mesmo disse. E justamente por isso, penso eu, e você "experiente" que é deveria respeitar sim a formação acadêmica. Pense bem se você gostaria de estar numa mesa de cirurgia e ser operado por um cara que se diz médico só pelo fato de estar ali há 20 anos, e nunca estudou medicina?. A mesma coisa é no jornalismo, respeito a velha guarda que não passaram por uma faculdade, mas fico decepcionado ao ler opiniões MEDÍOCRES E FRUSTRADAS.
    O gosto pela escrita de fato vem de berço e deve sim ser exercita. De fato a universidade não ensina isso, depois você experimenta e verá que tenho razão. Porém, o que o processo acadêmico nos proporciona é exatamente como nosso amigo disse no comentário anterior, a universidade serve para lapidar esse gosto pela escrita. Mas nós não podemos ficar dentro de salas trancafiados nos dizendo jornalista.

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