quarta-feira, 11 de junho de 2014

QUEM PEDIU SUA OPINIÃO?



 As pessoas andam muito chatas.

Ou então sou eu que ando muito chato.

Não, eu não! Tenho certeza absoluta de que continuo legal como sempre fui.

Mas então de onde foi que saiu essa moda esquisita de toda e qualquer declaração de qualquer pessoa, postada principalmente no Facebook, ter que ser sumária e imediatamente rechaçada e criticada?

Digamos que você poste em algum lugar que vai tomar uma xícara de café.

Em dois segundos, alguém comenta: 
– “Mas não é com açúcar não, né? Açúcar faz um mal danado”.

É o que basta para soar o gongo do MMA virtual, com discussões que beiram o bizarro (porque ninguém quer ouvir ou conversar sobre as ideias, a manha é berrar seu ponto de vista e ganhar o bate-boca na marra).

O curioso é que o manjado triunvirato de antanho – futebol, religião e política – não é mais o único vilão. Qualquer assunto tem o potencial de virar polêmica.

E aí é que tá! Você nunca vai saber sobre qual tema é seguro conversar.

Parece que tá todo mundo na vibe daquele colega de república de um tio meu, irmão de meu pai, que foi estudar engenharia em BH.

Este meu tio foi para a capital nos anos 60 para ser engenheiro.

Morava em uma pensão com outros rapazes e todos, como ele, estudantes de engenharia. E só um estudante de direito.

Todos os dias, durante o café da manhã, esse aspirante a advogado iniciava uma discussão sobre o valor nutritivo da farinha de mandioca. Todos os dias e, se não tivessem que ir pra faculdade, eles poderiam ficar naquele bate-boca durante horas.

Um belo dia, cansado daquilo, um dos estudantes resolve por um ponto final naquela confusão toda: 
– “Escuta aqui. Você não sabe absolutamente nada sobre esse assunto. Você não estuda medicina, não entende nada sobre nutrição. Só fica aí discutindo e falando um monte de coisas. O que um estudante de direito sabe sobre valor nutritivo da farinha de mandioca, hein?”.

Eu? Não sei nada, não. Estou pouco ligando pra farinha de mandioca. Eu estou interessado mesmo é na discussão. Eu estudo direito, estou praticando argumentação e retórica”, retrucou o aspirante a advogado.

O tema nunca mais foi abordado durante as refeições…

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